Prisão



Pressionado no canto de minha cama, sufocado pelas paredes. Encaro a janela: uma fenda incrustada no alto da parede. Raros raios de luz chegam até mim. Quase posso ver uma fresta de céu. Olho para dentro, para todo o meu mundo. Quatro paredes, uma cama, uma goteira, eu e os mofos. 1,2,3,4, acabou. Chego ao precipicio. Meia volta volver. 1,2,3,4, fim. Outro barrando. As paredes fecham-se sobre mim. O mundo diminiu. Vou sumindo no nada da escuridão. Sou absorvido pela rigidez do frio, pela imensidão do mundo. Não apenas integro o mundo, sou-o. 1,2,3,4. Caem as gotas. Ecoam no espaço. Ruem a tranquilidade. Sentado a cama admiroo meu mundo. Sou tudo que há para ser aqui. Sou os escritos da paredes. A goteira no chão. O solitário raio de sol. O ar foge pela fresta. Deixa-me cada vez mais todo no mundo. As gotas sobem do chão. Escorrem para a torneira e para longe de mim. Até mesmo a escuridão esvai-se.

Deixam-me só com o espaço. Só o espaço não me deixa. Nem poderia. Está atrelado a mm. Amarrei-me a ele para que não me deixasse. Não deixarei que parta. Não me deixará só. As paredes andam. 1,2,3,4. Passos lentos de gigantes. Fecham-me só no espaço. Todo o mais para vagar. Sobrou-me o nada e o espaço, nem a luz restou. Não abro a boca e sinto meu grito ecoar. 1,2,3,4. Não abro os olhos e vejo o nada. 1,2,3,4. Não sinto nada e ouço minhas lagrimas caírem. 1,2,3,4. Não sento e percebo a cama abaixo de mim. 1,2,3,4. O mundo cada vez menor. O espaço só escorre-me. As paredes encolhem-no. Só resta-me uma fresta só. Só no nada, só. 1,2,3,...




Com o Novo Internet Explorer 8 suas abas se organizam por cor. Baixe agora, é grátis!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

findwords