Máscara

Ela sorri encantadora, fascina. Os cabelos soltos embaraçam-se à brisa. Caminha com absoluta graça e elegância. É noite de carnaval. O salão abarrotado anima pela madrugada. Reina absoluta por entre máscaras. Essa, de agora, é negra e de cetim, é palpável. Por baixo esconde-se com outra máscara, a essa de branca porcelana, etérea. Tão suave, macia, a segunda não veste-se como máscara, não parece uma máscara, parece real.
Por um momento o mundo para. Sua negra máscara cai, levando consigo a outra. Um segundo de vislumbre de sua face. Um único olhar, um fugaz sorriso. E tudo acabou-se. A forte delicadeza volta a seu lugar, o olhar encantadoramente sedutor, o sorriso enfeitado de maldade a reluzir.
Uma máscara convidativa, uma armadilha. A noite passa, as pessoas vão, a claridade chega, a solidão senta-se a mesa. A mão delicadamente toca as máscaras. Receosa ela para por um momento, mas não há ninguém para ver. Retira calmamente a máscara de cetim, aos poucos a de porcelana desfaz-se, suspira cansada. Agora está real, verdadeira, pura. Por baixo de todo o festim, enfeites, festas, aparências ela surge. Simples. Nada de lânguidos e sedutores olhares, sem o encantador e maldoso sorriso, livre de todos estava livre para ser, enfim ela. 

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